Jogo dos muitos erros: As mentiras no quadro da Independência
Pedro Américo retratou um momento crucial de forma altamente romantizada
Fabio Marton
Você provavelmente se lembra do professor do Ensino Médio fazendo chacota com a Independência do Brasil. No mais fatídico dia deste país, o futuro imperador estava com diarreia, montado numa mula e com as botas sujas de lama. Tudo verdade. Quando o pintor acadêmico Pedro Américo recebeu a encomenda da família real, ele abusou de licença poética. Exceto pelo imperador brandindo sua espada e gritando, tudo no colossal Independência ou Morte é invenção do artista.
Pedro Américo transformou uma cena trivial e provavelmente bem feia num épico de batalha - colocando um regimento inteiro vestido em uniformes de gala, prestes a combater, alguns até em posição de combate, com seus cavalos em movimento. Era certamente a forma como a monarquia brasileira, invicta nas guerras que havia travado até então, preferia ser representada. Mas, como o quadro, era mais pompa e circunstância que realidade: no ano seguinte à conclusão da obra, o imperador seria deposto num golpe militar. O Museu da Independência (Museu Paulista), para o qual havia sido encomendado, só seria aberto em 1895, já durante a República.
Ainda que o quadro certamente não retrate a vida real, ele é verdadeiro de certa forma. O que dom Pedro fez, seja lá como se sentisse dos intestinos, foi realmente um gesto heroico: ao ouvir que a monarquia portuguesa o havia tirado do cargo de regente do Brasil, ele imediatamente declarou guerra. Não há outra interpretação para suas palavras - que, aliás, são um dos desafios mais corajosos da História militar mundial.
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Fonte: aventurasnahistoria.uol
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