Eduardo Gois e Carolina Alves, 08 de Junho de 2014 às 13h48. Atualizada em 13 de Junho de 2015 às 00h00. 
Ele foi o primeiro humorista da TV brasileira e o primeiro brasileiro a 
fazer sucesso no cinema, mesmo em uma época de difícil acesso a 
tecnologias. O jeca mais querido do Brasil, Mazzaropi, deixou-nos há 33 
anos, porém confortados pelo legado e pela obra imortalizada, que em 30 
anos de produções cinematográficas, levaram mais de 200 milhões de 
brasileiros aos cinemas, numa época que no Brasil as salas de cinema 
estavam restritas às grandes cidades.
Neste 13 de junho Amácio Mazzaropi faz 
aniversário de morte, mas não existem motivos para tristeza, somente 
para alegria e gargalhadas. Uma história peculiar e vitoriosa, de um 
brasileiro visionário que soube aproveitar oportunidades, não teve medo 
de arriscar e que pode ser facilmente relembrada em uma propriedade 
privada na cidade de Taubaté (SP).
Na Zona Rural da cidade e uns 20 minutos
 da Rodovia Presidente Dutra, foi inaugurado no ano 2010, o Museu 
Mazzaropi. O local não resgata somente lembranças pelo fato de ser um 
museu, com mais de 20 mil peças, mas sim, por ser exatamente o lugar 
onde Mazzaropi filmou grandes sucessos de bilheterias. É simplesmente 
ter a sensação de que pisa-se o mesmo chão em que pisou o mestre e 
pioneiro do cinema nacional.
No museu pode-se encontrar equipamentos 
que eram utilizados nas filmagens, tanto para produção, quanto para 
exibição dos filmes, como os projetores, uma moviola (equipamento 
utilizado para realizar edições das imagens), os rolos dos filmes, o 
microfone, a filmadora etc. Eram equipamentos importados e inéditos no 
cinema nacional. Alguns pertenciam à Vera Cruz, que foi a produtora onde
 ele começou no cinema. São painéis que contam toda a sua trajetória 
artística e de vida, desde o nascimento, em 9 de abril de 1912, até a 
morte, em 13 de junho de 1981.
As paredes do museu mostram que o seu 
auge como artista começa aos 40 anos, quando inicia a carreira no rádio,
 seguindo pela televisão e terminando no cinema, na Vera Cruz e na PAM Filmes. Em 1946, convidado por Dermival Costa Lima da Rádio Tupi, Mazzaropi estreou o programa dominical Rancho Alegre,
 encenado ao vivo no auditório da emissora no bairro do Sumaré e 
dirigido por Cassiano Gabus Mendes. Em 1950, este mesmo programa estreou
 na TV Tupi, mas agora contava com a coadjuvação dos atores João 
Restiffe e Geny Prado.
De acordo com a gerente de comunicação 
do Museu Mazzaropi, Pâmela Botelho, este foi o primeiro programa 
humorístico da televisão brasileira. “Quando inaugurou a TV Tupi no 
Brasil, ele foi o primeiro humorista da TV, levando o mesmo programa que
 ele tinha na rádio, e só aos 40 anos ele vai começar no cinema, na Vera
 Cruz, que era a Hollywood brasileira da época. Ele faz três filmes por 
lá, Sai da Frente, Nadando em Dinheiro e Candinho”, conta.
No museu é possível recordar que, depois
 da Vera Cruz, o humorista trabalhou para outras companhias, mas em 1958
 criou a própria produtora, Produções Amácio Mazzaropi, mais conhecida como PAM Filmes,
 responsável por produzir 24 filmes, quase um filme por ano, e sempre 
com o lucro do filme anterior, criando assim a indústria do cinema. 
“Antes daqui, ele teve um outro estúdio que era chamado Fazenda da Santa,
 mais ou menos oito quilômetros daqui. Depois de lá, ele veio para cá e 
comprou o terreno, aqui não tinha praticamente nada. Ele construiu com 
um formato que ele já podia usar como cenário, construiu estúdio e 
acomodações para as pessoas enquanto filmava. E quando ele não filmava, 
abriu o local como um hotel, porque já tinha toda a estrutura, já tinha 
restaurante, piscina etc. O local serviu de cenário para os últimos 
filmes da carreira.” 
Todo o acervo do museu vem sendo 
acumulado desde 1992. O Instituto Mazzaropi, com o intuito de recolher, 
colecionar e fazer um museu, começou a receber pessoas que traziam 
objetos. São móveis que Mazzaropi comprava para fazer as filmagens ou 
eram móveis da casa dele que ele poderia utilizar também para as 
filmagens, objetos similares, figurino etc. “A intenção é manter a 
história, que também pode ser considerada um turismo cultural. É uma 
história muito rica para ser perdida, que precisa de um resgate para as 
novas gerações”, explica.
Segundo Pâmela, rever a importância de 
Mazzaropi é resgatar o cinema brasileiro, porém para os mais velhos 
Mazzaropi continua vivo intensamente na memória. “O museu está aberto de
 terça a domingo, das 8h30 às 12h30, a visitas em grupos, famílias, 
curiosos, estudiosos. Quem quiser e tiver o interesse pode vir. O valor é
 de R$10,00 e R$5,00 para estudante e terceira idade”, indica.
Uma trajetória de arte
Desde muito cedo, o pequeno Amácio 
passou longas temporadas no município de Tremembé (SP), na casa do avô 
materno, o português João José Ferreira, exímio tocador de viola e 
dançarino. Seu avô também era animador das festas do bairro onde morava,
 às quais levava seus netos que, já desde cedo, entraram em contato com a
 vida cultural do caipira, que tanto inspirou Mazzaropi. Filho de 
Bernardo Mazzaropi, um imigrante italiano e Clara Ferreira, portuguesa, 
com apenas dois anos de idade sua família mudou-se para Taubaté (SP).
Em 1919, sua família volta à capital 
paulista e Mazzaropi ingressa no curso primário do Colégio Amadeu 
Amaral, no bairro do Belém. Bom aluno, era reconhecido por sua 
facilidade em decorar poesias e declamá-las, tornando-se o centro das 
atenções nas festas escolares. Em 1922 morre o avô paterno e a família 
muda-se novamente para Taubaté, onde abrem um pequeno bar. Mazzaropi 
continua a interpretar tipos nas atividades escolares e começa a 
frequentar o mundo circense. Preocupados com o envolvimento do filho com
 o circo, os pais mandam Amácio aos cuidados do tio Domenico Mazzaropi 
em Curitiba (PR), onde trabalhou na loja de tecidos da família.
Foto de: Carolina Alves / JS 
Em 1926, aos 14 anos, regressa à capital
 paulista ainda com o sonho de participar em espetáculos de circo e, 
finalmente, entra na caravana do Circo La Paz.
 Nos intervalos do número do faquir, Mazzaropi conta anedotas e causos, 
ganhando uma pequena gratificação. Sem poder se manter sozinho, em 1929 
Mazzaropi volta a Taubaté com os pais, onde começa a trabalhar como 
tecelão, mas não consegue se manter longe dos palcos e atua numa escola 
do bairro.
O teatro, o rádio e a televisão
Com a Revolução Constitucionalista de 
1932 segue-se uma grande agitação cultural e Mazzaropi estreia em sua 
primeira peça de teatro, chamada A herança do Padre João. Já em 1935, consegue convencer seus pais a seguir turnê com sua companhia e a atuarem como atores. Até 1945, a Troupe Mazzaropi percorre
 muitos municípios do interior de São Paulo. Com a morte da avó materna,
 dona Maria Pita Ferreira, Mazzaropi recebe uma herança suficiente para 
comprar um telhado de zinco para seu pavilhão, podendo assim estrear na 
capital, com atuações elogiadas por jornais paulistanos. Depois, parte 
com a companhia em turnê pelo Vale do Paraíba. A grave situação de saúde
 de seu pai complica a situação financeira da companhia de teatro e, em 8
 de novembro de 1944, morre Bernardo Mazzaroppi. Dias após a morte de 
seu pai, estreia no Teatro Oberdan ao lado de Nino Nello, sendo ator e 
diretor da peça Filho de sapateiro.
Fenômeno de bilheteria
Convidado por Abílio Pereira de Almeida e Franco Zampari, Mazzaropi estreia seu primeiro filme, intitulado Sai da Frente,
 em 1952, rodado pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz. Com as 
dificuldades financeiras da Vera Cruz, Mazzaropi faz, até 1958, mais 
cinco filmes por outras produtoras. Naquele mesmo ano, vende sua casa e 
cria a PAM Filmes (Produções
 Amácio Mazzaropi) e passa não só a produzir, mas distribuir os filmes 
em todo o Brasil. O primeiro filme da nova produtora foi o Chofer de Praça.
Em 1959 é convidado por José Bonifácio 
de Oliveira Sobrinho, mais conhecido como Boni, na época da TV Excelsior
 de São Paulo, a fazer um programa de variedades que fica no ar até 
1962. Neste mesmo ano começa a produzir um de seus filmes mais famosos, Jeca Tatu.
Em 1961, Mazzaropi adquire uma fazenda 
onde inicia a construção de seu primeiro estúdio de gravação, que 
produziria seu primeiro filme em cores, Tristeza do Jeca,
 que foi também o primeiro filme veiculado na televisão pela Excelsior, 
ganhando os prêmios de melhor ator coadjuvante, Genésio Arruda, e melhor
 canção.
Cinco anos mais tarde, lança o filme O Corintiano,
 recorde de bilheteria do cinema nacional. Em 1972 é recebido pelo então
 presidente da República, o general Emílio Garrastazu Médici, a quem 
pede mais apoio ao cinema brasileiro. Em 1973, produz Portugal, minha saudade, com cenas gravadas no Brasil e em Portugal. 
No ano seguinte, começa a construir em 
Taubaté um grande estúdio cinematográfico, uma oficina de cenografia e 
um hotel para os atores e técnicos. A partir de então produz e distribui
 mais cinco filmes até 1979. Neste local que hoje ficam o Hotel Fazenda e
 as instalações do Museu Mazzaropi. 
Seu 33º filme, Maria Tomba Homem,
 nunca seria terminado. Depois de 26 dias internado, Mazzaropi morre, 
vítima de um câncer na medula óssea aos 69 anos de idade no hospital 
Albert Einstein, em São Paulo. É enterrado na cidade de Pindamonhangaba 
(SP), no mesmo cemitério onde seu pai já repousava. Nunca se casou, mas,
 segundo declarações de pessoas próximas, nutriu durante a vida um amor 
"platônico" pela apresentadora e amiga Hebe Camargo. 
O Museu Mazzaropi começou a tomar forma 
em 1992 por João Roman Júnior (já falecido) como uma forma de homenagear
 o velho amigo e cineasta brasileiro. Já a inauguração das atuais 
dependências do Novo Museu Mazzaropi ocorreu em 2010 e marcou de forma 
definitiva o alicerce da preservação histórica. Os filhos de João Roman 
Júnior dão continuidade ao trabalho de resgate e divulgação da obra de 
Mazzaropi acreditando na importância da preservação da memória deste 
personagem do cinema brasileiro.
Filmografia
Foto de: Eduardo Gois / JS 
1952 – Sai da frente
1952 – Nadando em dinheiro
1954 – Candinho
1955 – A carrocinha
1956 – Fuzileiro do Amor
1956 – O Gato de Madame
1956 – Chico Fumaça
1957 – O Noivo da Girafa
1958 – Chofer de Praça
1959 – Jeca Tatu
1959 – As Aventuras de Pedro Malazartes
1960 – Zé do Periquito
1961 – Tristeza do Jeca
1961 – O Vendedor de Linguiça
1962 – Casinha Pequenina
1963 – O Lamparina
1964 – Meu Japão Brasileiro
1965 – O Puritano da Rua Augusta'
1966 – O Corintiano
1967 – O Jeca e a Freira
1969 – No Paraíso das Solteironas'
1969 – Uma pistola para Djeca
1970 – Betão Ronca Ferro
1972 – O Grande Xerife
1973 – Um Caipira em Bariloche
1973 – Portugal... Minha Saudade
1974 – O Jeca Macumbeiro
1975 – Jeca contra o Capeta
1977 – Jecão, um Fofoqueiro no Céu5
1978 – O Jeca e seu filho preto
1979 – A Banda das Velhas Virgens
1980 – O Jeca e a Égua Milagrosa
Maria Tomba Homem (não concluído)
1952 – Nadando em dinheiro
1954 – Candinho
1955 – A carrocinha
1956 – Fuzileiro do Amor
1956 – O Gato de Madame
1956 – Chico Fumaça
1957 – O Noivo da Girafa
1958 – Chofer de Praça
1959 – Jeca Tatu
1959 – As Aventuras de Pedro Malazartes
1960 – Zé do Periquito
1961 – Tristeza do Jeca
1961 – O Vendedor de Linguiça
1962 – Casinha Pequenina
1963 – O Lamparina
1964 – Meu Japão Brasileiro
1965 – O Puritano da Rua Augusta'
1966 – O Corintiano
1967 – O Jeca e a Freira
1969 – No Paraíso das Solteironas'
1969 – Uma pistola para Djeca
1970 – Betão Ronca Ferro
1972 – O Grande Xerife
1973 – Um Caipira em Bariloche
1973 – Portugal... Minha Saudade
1974 – O Jeca Macumbeiro
1975 – Jeca contra o Capeta
1977 – Jecão, um Fofoqueiro no Céu5
1978 – O Jeca e seu filho preto
1979 – A Banda das Velhas Virgens
1980 – O Jeca e a Égua Milagrosa
Maria Tomba Homem (não concluído)
Mazzaropi - Os Grandes Sucessos de Mazzaropi (1968) 
Artista: Mazzaropi
Título: Os Grandes Sucessos de Mazzaropi
Ano: 1968
Gravadora: RCA
Formato: LP/12 Polegadas
No Série: 5158
Lado A
01 – Dor da Saudade – Elpídio dos Santos “ Casinha Pequenina “
02 – Fogo no Rancho – Elpídio dos Santos e Anacleto Rosas “ Jeca Tatu “
03 – Azar é Festa – Ado Benatti e Zé do Rancho “ Jeca Tatu “
04 – Meu Burrinho – Elpídio dos Santos “ O Corintiano “
05 – Sopro do Vento – Elpídio dos Santos “ Tristeza do Jeca “
06 – Ingratidão – Elpídio dos Santos “ Meu Japão Brasileiro “
Lado B
01 – Jeca Magoado – Elpídio dos Santos “ O Jeca E A Freira “
02 – Alma Solitária – Elpídio dos Santos “ O Lamparina “
03 – Lamparina do Nordeste – Elpídio dos Santos “ O Lamparina “
04 – Coração Amigo – Ely Silva e César Brasil “ As Aventuras de Pedro Malazarte “
05 – Jóia do Sertão – Elpídio dos Santos “ Zé do Periquito “
06 – o Linguiceiro – Elpídio dos Santos “ O Vendedor de Lingüiça “
Título: Os Grandes Sucessos de Mazzaropi
Ano: 1968
Gravadora: RCA
Formato: LP/12 Polegadas
No Série: 5158
Lado A
01 – Dor da Saudade – Elpídio dos Santos “ Casinha Pequenina “
02 – Fogo no Rancho – Elpídio dos Santos e Anacleto Rosas “ Jeca Tatu “
03 – Azar é Festa – Ado Benatti e Zé do Rancho “ Jeca Tatu “
04 – Meu Burrinho – Elpídio dos Santos “ O Corintiano “
05 – Sopro do Vento – Elpídio dos Santos “ Tristeza do Jeca “
06 – Ingratidão – Elpídio dos Santos “ Meu Japão Brasileiro “
Lado B
01 – Jeca Magoado – Elpídio dos Santos “ O Jeca E A Freira “
02 – Alma Solitária – Elpídio dos Santos “ O Lamparina “
03 – Lamparina do Nordeste – Elpídio dos Santos “ O Lamparina “
04 – Coração Amigo – Ely Silva e César Brasil “ As Aventuras de Pedro Malazarte “
05 – Jóia do Sertão – Elpídio dos Santos “ Zé do Periquito “
06 – o Linguiceiro – Elpídio dos Santos “ O Vendedor de Lingüiça “
Fontes: A12.com e Blog Discoteca Pública




Um comentário:
Assisto pela Tv Brasil os filmes desse homem que foi um grande humorista.No horário que começa o filme,paro tudo e não troco de canal,pode ter copa,fórmula 1,ou o melhor filme considerado pelos críticos,mas não me canso de assistir os filmes repetidos do caipira Mazzaropi .
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